As dificuldades em se conseguir efetivar um ambiente organizacional real e efetivo de evolução em processos, melhoria contínua e alta produtividade é um grande desafio para qualquer organização, de qualquer tamanho e de qualquer mercado.
Seja para empresas públicas, privadas ou de economia mista, as dificuldades são inúmeras: resistência das áreas de negócio pelo fato de normalmente estar associado com uma quebra de paradigma interno, por poder trazer junto adoção de soluções sistêmicas que geram uma visibilidade maior de gestão e com facilitadores para identificar gargalos, problemas sobre o fluxo de valor que a operação demanda, questões culturais, pessoais, políticas, entre outros tantos motivos que podem ser citados e que surgem durante uma caminhada como essas.
A maioria destas dificuldades existentes normalmente encontram nas metodologias de mercado uma forma estruturada de serem tratadas ou endereçadas. Entretanto, existe, principalmente nas organizações públicas e autarquias, um outro grande obstáculo que age na maioria das vezes de forma silenciosa e muito poderosa a partir das cabeças dos gestores acostumados ao modelo “velha guarda”.
Esse obstáculo é muito utilizado desde os anos 80 com o processo de democratização em nosso país, em que o contato direto com seu público, seus potenciais eleitores, influências locais ou regionais são fontes de onde emanam o poder destes representantes e onde um grande dilema se faz presente para que melhorias efetivas e novos processos surjam e sejam implantados, para que novos patamares no serviço público sejam atingidos.
Neste contexto, vem à tona um grande dilema a este modelo político atual em relação aos novos tempos que estamos vivendo: até onde o ativo político engessa ou deveria engessar e gerar inércia sobre as iniciativas de evolução sob o ponto de vista de operação e gestão dentro destas organizações públicas?
Como tudo em nossas vidas, qualquer evolução apenas é possível a partir de uma mudança de atitude de quem tem a capacidade de fazer mudar ou onde o próprio ambiente venha a influenciar ou forçar diretamente as pessoas a seguir este caminho, que mais cedo ou mais tarde será sem volta.
Como o ativo político na realidade de nosso país via de regra é em sua maioria colocado à frente dos interesses da população como um todo, é necessário criarmos um modelo de gestão pública que permeie as premiações e o reconhecimento através de mérito, proporcional aos resultados obtidos com o trabalho e com uma atitude pró-ativa junto a toda cadeia de valor existente nos mais variados serviços vinculados ao nosso governo e em todas as esferas, seja ela municipal, estadual ou federal.
Ao ler a afirmação acima, isso pode soar um pouco utópico, mas, felizmente, já existem iniciativas sob esta ótica que estão gerando bons resultados para o governo e, principalmente, para que a nossa sociedade seja mais competitiva, mais humana e mais ágil em suas ações e atendimento do povo.
Por fim, o grande desafio é que, enquanto sociedade, comecemos a enxergar e cobrar que este tipo de atitude e comportamento dentro da gestão pública não seja mais aceito, que consigamos imprimir uma mudança cultural que permeie toda a sociedade, evitando que pessoas com perfil profissional limitado e centralizador consigam se perpetuar no Poder e em cargos menores.
Além disso, que possamos viabilizar a criação de um ambiente que a sua própria natureza expurgue este mal entranhado na carreira pública brasileira. Isso deve começar pelo simples ato de escolhermos adequadamente nossos representantes no momento do voto e, a partir daí, participar ativamente fiscalizando e cobrando as ações e os resultados que cada representante público deverá entregar ao seu povo, com processos claros, ágeis, gerenciados, sem burocracia e transparentes.
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